A equipe do Diário foi impedida de entrar no centro de Saúde, mas constatou a superlotação no espaço, além de grande número de pacientes deixados em macas nos corredores. Munícipes com cirurgias agendadas tiveram os procedimentos remarcados e aqueles que necessitavam de exames e não estavam internados foram encaminhados paras as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) Barão de Mauá e Vila Assis.
Por conta da falta do serviço de raio X, a cozinheira Maria Ferreira, 48 anos, teve que se dirigir até a UPA Barão de Mauá para realizar o exame. “Cheguei às 8h (no Nardini), fiquei duas horas esperando, para me falarem que não seria possível fazer o exame”, salienta. “Está um caos lá dentro. Tem muita gente de muleta e cadeira de rodas, que vai ficar sem atendimento.”
Com infecção urinária, a filha da dona de casa Célia Maria Lamim, 56, está internada no hospital desde o dia 11, e ainda não conseguiu realizar ultrassom. “Está cada dia pior. Escuto comentários de outras pessoas internadas relatando o mesmo problema.”
Vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), a avó de Gabriela dos Santos está internada desde sexta-feira e ainda aguarda por tomografia. “Minha esperança era a de que realizassem o exame hoje (ontem). O estado dela está crítico, não podem deixá-la desse jeito”, desabafa a cabeleireira. “Além da precariedade do serviço, não alimentaram minha avó, que depende de sonda.”
“Tenho família para sustentar. Quem quer trabalhar de graça? Só queremos receber pelo que trabalhamos. É um direito nosso”, comenta funcionária que pediu anonimato.
Por volta das 11h, os trabalhadores se reuniram com o presidente da SPX Diagnósticos por Imagem, Valter Alexandre Luchetta, e com a superintendência do hospital. Os trabalhadores concordaram em voltar às atividades a partir da promessa de que o salário seja pago. Os pagamentos começaram a ser efetuados no fim da tarde de ontem.
Conforme o Sintaresp (Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliar em Radiologia de São Paulo), a FUABC (Fundação do ABC) não efetua os repasses referentes ao serviço prestado pela terceirizada há cinco meses. “Queremos que o serviço seja mantido, sem atrapalhar o atendimento. Mas (a paralisação) é um direito que precisa ser preservado”, avaliou o porta-voz do sindicato Mário Cesar Mandoca.
Por meio de nota, o Hospital Nardini informou que o problema foi motivado pela falta do pagamento por parte da empresa aos seus funcionários e que a situação foi normalizada no período da manhã. A Prefeitura não esclareceu, no entanto, o motivo do atraso dos repasses à SPX Diagnósticos por Imagem.
OUTROS PROBLEMAS
Outro fator que atrapalha o atendimento são as obras de ampliação do hospital, que deveriam ter sido entregues em maio, conforme mostra a placa em frente à unidade. Foram investidos R$ 5 milhões. “Muitos cadeirantes têm dificuldade de acesso por causa das obras”, comenta Edivina Maria da Silva, 59. As intervenções do pronto-socorro têm previsão de término para dezembro.
Via DGABC
Nenhum comentário:
Postar um comentário