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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

PT de Mauá decide expulsar infiéis à reeleição de Donisete

O PT de Mauá decidiu expulsar militantes que, segundo o partido, traíram o projeto de reeleição do prefeito Donisete Braga (PT) e, de alguma forma, contribuíram com a candidatura de Atila Jacomussi (PSB), prefeito eleito.
Na lista dos infiéis estão o vereador Wagner Rubinelli, sua mulher e ex-secretária de Meio Ambiente, Cássia Rubinelli, e o assessor Cláudio Pastor, aliado antigo do petismo.
A decisão ocorreu na semana passada, durante a primeira reunião do diretório depois da derrota histórica de Donisete – recebeu 22,90% dos votos válidos (41.958 adesões), contra 46,73% (85.615) de Atila.
No encontro, petistas evitaram focar o debate na eleição municipal. A militância preferiu agendar seminário só para 2017 para avaliar os motivos que levaram o partido a perder no município onde era acostumado a ganhar – a última derrota da legenda em Mauá havia sido em 1992, portanto, há 24 anos.
Discorreram, entretanto, sobre as figuras no partido que, na avaliação da legenda, traíram o petismo. A decisão não foi de expulsão sumária desses filiados, mas de encaminhar os casos à análise da executiva, dando chance de ampla defesa aos ainda petistas. O Jornal apurou, contudo, que o objetivo é mesmo de expulsá-los, tendo em vista que acreditam ser vontade dos próprios punidos deixar o partido.
No caso de Rubinelli, o caso envolve sua decisão em desistir de disputar a reeleição pelo PT para arquitetar a candidatura do filho, o agora vereador eleito Fernando Rubinelli, pelo PDT. A avaliação do parlamentar era a de que o PT reduziria drasticamente sua bancada na Câmara, o que de fato ocorreu (reelegeu apenas Marcelo Oliveira), e que não conseguiria mais um mandato pela sigla.
A reportagem antecipou a manobra do petista em maio. O primogênito esteve com Donisete no primeiro turno e, após ser eleito, decidiu mudar para o palanque de Atila. Como retaliação, Cássia foi demitida do governo petista. Na avaliação do partido, o ato da família Rubinelli configura infidelidade.
Procurado, Wagner Rubinelli disse que não foi notificado da expulsão e criticou veementemente a posição da sigla. Internamente, o petista já avaliava deixar a sigla. “Não descumpri nenhuma norma do estatuto. Trabalhei bastante para o Donisete na campanha. O Fernando é do PDT e seguiu uma determinação do partido”, disse o parlamentar, que ameaçou processar o diretório petista por danos morais. O ainda petista relatou que a decisão de Cássia em apoiar Atila veio somente quando Donisete resolveu exonerá-la do Meio Ambiente. “Não fui candidato e mesmo assim me mantive leal. Lamento que estejam fazendo esse tipo de política”, atacou.
Já Cláudio Pastor é militante histórico do PT. Foi braço direito do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT) e assessor do ex-vice-prefeito Paulo Eugenio Pereira Junior (PT), mas neste ano decidiu pedir votos a Atila por mágoas com Donisete por “abandonar aliados de primeira hora para priorizar oportunistas”. Ele também alegou que ainda não foi informado sobre sua expulsão.
ELEIÇÃO DIRETA
A prioridade no PT de Mauá para os próximos meses será o debate em torno do PED (Processo de Eleição Direta), antecipado para abril. A atual mandatária da sigla na cidade, Cida Maia, já informou internamente que não tem ambição em buscar a reeleição. Ela faz parte do grupo de Paulo Eugenio, que pode substituí-la nessa empreitada. Outros dois nomes são ventilados: o do irmão do prefeito, José Pereira Braga, o Zezinho, e do ex-vereador Rômulo Fernandes.
Sigla pressiona Rômulo e Celma a renunciarem
O diretório petista em Mauá pressiona, nos bastidores, para que o ex-vereador e atual superintendente da Arsep (Agência Reguladora dos Serviços Públicos), Rômulo Fernandes (PT), e a ex-primeira-dama e hoje ouvidora municipal, Celma Dias (PT), renunciem a seus respectivos cargos no governo.
Apesar de não fazer avaliação profunda sobre os motivos que levaram à derrocada do partido do poder em Mauá no pleito de outubro, o PT local deliberou, na reunião do dia 21, que os militantes façam oposição ao governo do prefeito eleito, Atila Jacomussi (PSB), e decidiu que os filiados estão desautorizados a aceitarem cargos na gestão do socialista.
Ocorre que, diferentemente dos demais cargos comissionados no Paço, as funções ocupadas por Rômulo e Celma possuem mandatos com prazo definidos. Ambos são indicados pelo chefe do Executivo – foram nomeados por Donisete Braga –, mas cumprem gestão de quatro anos na Arsep e dois anos na Ouvidoria Municipal.
No caso de Rômulo, o mandato começou em maio de 2015 e só encerra em 2018. Como dirigente do órgão, responsável pela fiscalização dos contratos da Prefeitura, o petista recebe em torno de R$ 13 mil por mês.
No caso de Celma, o mandato da mulher do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT) se encerra em meados de maio do ano que vem. A petista não pode ser reconduzida ao cargo porque já cumpre a segunda gestão. Porém, petistas querem que Celma deixe a administração na mesma data em que o partido sairá do governo, no dia 31 de dezembro. O salário de Celma é de R$ 12.025,40 mensais.
Não houve pressão formal no partido para que ambos deixem a administração antes da virada de governo, mas militantes enquadram como natural a saída da dupla do Paço porque já existe definição interna no partido de proibir os petistas de participarem do futuro governo de Atila.
Rômulo ficou como suplente de vereador em 2012 e abriu mão de disputar o pleito deste ano. Se deixar a Arsep, ficará sem mandato. Nos bastidores, comenta-se que o petista vislumbra disputar a presidência do diretório do partido na cidade.
Procurados, Rômulo não atendeu aos contatos do jornal e Celma não quis se pronunciar sobre o assunto. 

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