Com a chegada das chuvas de verão, que marcam a estação a partir de 21 de dezembro, o Grande ABC têm planos considerados ineficientes para acabar com os problemas das enchentes, principalmente a longo prazo. Faltam investimentos em obras de micro e macrodrenagem por parte das administrações no âmbito regional. Especialista prevê a volta das enchentes.
Conforme o professor de Engenharia Ambiental e Urbana da UFABC (Universidade Federal do ABC) Gilson Lameira, as ações iniciadas no fim do ano são classificadas como paliativas e necessárias para “não deixar a situação fora de controle. Porém, não é para melhorar o que já costuma acontecer todos os anos”, classificou.
O problema na região é grave. No início de todo ano, vias importantes, como a Avenida dos Estados, alagam e pessoas em áreas vulneráveis acabam perdendo a moradia. Conforme levantamento feito pela reportagem, foram nove mortes registradas em dez anos, sendo duas neste ano.
“Nós temos avanços, mas são insuficientes. Voltaremos a ter problemas nas situações crônicas, que vão ficar ainda piores com o passar dos anos. Em relação às obras, os municípios não têm feito praticamente nada, porque são intervenções muito caras, até mesmo para a manutenção. A enchente se dá no município e ele não tem recursos para lidar com isso. Se você fizer direito o seu papel, mesmo assim vai estar sujeito a lidar com enchentes. Vem acontecendo há décadas e não vai ser diferente neste e no próximo verão”, destacou.
Segundo Lameira, apesar de a situação em relação às famílias em áreas de risco ter melhorado no Grande ABC, é preciso um planejamento de longo prazo.
“É necessário um plano de microdrenagem e para que isso aconteça, o consórcio tem que capitanear isso como política regional. No olhar de longo prazo, se tem uma diferença e você vai resolvendo esse problema. Hoje a gente enxuga gelo.”
PROGRAMAS
Questionadas sobre as ações preparadas para o período, somente Santo André, São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires retornaram à equipe de reportagem. A maioria das prefeituras tem ações com características em comum, como mobilização da Defesa Civil e monitoramento das áreas de risco.
Em Santo André, o Programa de Chuvas de Verão, tem início em dezembro e vai até o dia 15 de abril. Dentro dele, estão englobadas ações de manutenção desenvolvidas em parceria com o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), como limpeza em córregos, piscinões, sistema de drenagens, vistorias preventivas, entre outras.
“Elas já são realizadas no ano inteiro, porém são intensificadas. Fazemos trabalho com moradores de áreas vulneráveis, eles participam de cursos e são orientados como agir em determinadas situações”, disse a diretora do departamento de Defesa Civil do Semasa e coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) da Defesa Civil do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Débora Diogo.
O número de ocorrências no último verão foi o menor já registrado pela Prefeitura desde 2011. Foram 675 chamados, sendo que no ano passado foram 1.115.
Ela também destacou ações em âmbito regional, como o PPDC (Plano Preventivo de Defesa Civil). Sobre o planejamento em relação às chuvas de verão, segundo Débora, todas as prefeituras trabalham de forma integrada.
São Bernardo lançou a Operação Guarda-Chuva. A medida vai até o dia 15 de abril e envolve 12 secretarias, 400 agentes públicos e 160 voluntários treinados de 29 comunidades. Em 2016 foram 325 ocorrências registradas. Em 2015, 355.
Em Diadema, o Plano Preventivo de Defesa Civil vai até 11 de abril. No ano passado a Defesa Civil do município registrou 115 ocorrências. Não houve levantamento em 2016.
Em Ribeirão Pires, o Plano Preventivo de Defesa Civil vai até o dia 15 de abril. Em 2015 a Prefeitura registrou uma média de 230 chamados, número que caiu para 123 neste ano.
Via Diário do Grande ABC
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