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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Caos na Saúde em Mauá UPAs antendem somente casos de ‘extrema’ urgência

Prefeitura deve R$ 12,5 milhões à FUABC


Com salários atrasados, médicos que atuam em equipamentos da Saúde da Prefeitura de Mauá cruzaram os braços ontem, o que colaborou para que a situação da rede de urgência e emergência, já complicada, ficasse caótica. O atendimento nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) foi restrito aos casos de extrema gravidade, o que sobrecarregou o já problemático pronto atendimento do Hospital Nardini. O tempo de espera para passar por triagem era de pelo menos três horas.
Conforme os profissionais, contratados pela FUABC (Fundação do ABC), responsável pelo serviço, os salários estão atrasados há pelo menos três meses. Sem informações claras sobre a situação, moradores foram obrigados a peregrinar por diversos bairros em busca de atendimento, o que não foi possível na maior parte dos casos.
A dona de casa Eneline Moreira de Souza, 39 anos, precisou fazer três viagens entre equipamentos da Saúde para conseguir que a filha Ana Beatriz, 7, fosse atendida. “Fui de manhã na UPA Magini e não tinha médico. Depois, tive de ir para o Zaíra, num posto, e lá também encontrei dificuldade, porém uma enfermeira suspeitou que minha filha estava com meningite e ligou na UPA para obrigar o atendimento. Voltei para a UPA Magini, porém já passa das 16h30 (ontem) e ainda estou aqui no aguardo”, desabafou.
A cuidadora Cléia Maria dos Santos Quadros, 46, considera que as dificuldades para acessar o serviço público só evidenciam o descaso por parte do poder público. Ontem, após passar por quadro unidades de Saúde em busca de consulta para a afilhada Larissa, 12, que apresentava sintomas como vômito, dor nos olhos e febre, a moradora do Jardim Zaíra foi obrigada a retornar para casa sem conseguir atendimento médico. “Me sinto desonrada. A Saúde de Mauá está péssima. Se o caso da minha afilhada fosse para morrer, ela já estaria morta.”
O pronto atendimento do Hospital Nardini, única opção para os moradores do município, ficou lotado o dia todo. Pacientes relataram espera de pelo menos três horas para passar por pré-consulta. “Está um caos isso aqui. Desde a hora do almoço estou procurando médico para o meu filho. Fui na UPA São João e não tinha ninguém para atender. Tive que pegar ônibus e vir até o Nardini, só que não tem previsão para passar em consulta”, relatou o ajudante de produção Rogério Alves Ribeiro, 20, ao lado do filho Guilherme, 10 meses, com quadro de vômito.
Dados obtidos pelo Diário no Portal da Transparência da Prefeitura de Mauá apontam que a administração acumula dívida de R$ 12,7 milhões com a FUABC desde fevereiro. Somente em outubro, são R$ 5,3 milhões de débitos.
De acordo com o secretário de Governo de Mauá, Edílson de Paula, o atraso está atrelado às “dificuldades financeiras enfrentadas neste fim de ano”. A expectativa da Prefeitura de Mauá é a de que “todos os vencimentos de novembro em atraso sejam quitados hoje”.
Segundo a FUABC, embora o depósito do pagamento referente a novembro esteja programado, a instituição ainda aguarda posicionamento da administração mauaense referente aos valores do 13º, que estão “em tratativas urgentes junto à Prefeitura de Mauá”.
Por meio de nota, a instituição afirmou que o atendimento foi normalizado no fim da tarde de ontem.

Cidade acumula três paralisações na área da Saúde em menos de dois meses

A paralisação de médicos que prestam serviço na rede pública de Saúde da Prefeitura de Mauá é a terceira enfrentada pelo município em menos de dois meses.
Em novembro, por duas ocasiões funcionários da área de radiologia do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, gerido pela Prefeitura de Mauá, paralisaram as atividades por falta de pagamento. Na ocasião, serviços como ultrassom, tomografia, raio X e centro cirúrgico foram afetados, prejudicando o atendimento da população.
Segundo técnicos contratados pela terceirizada SPX Diagnósticos por Imagem, responsável pelo serviço de exames de imagens na unidade hospitalar, o atraso em seus vencimentos já durava cinco meses.
O problema só foi solucionado na semana passada após a Prefeitura de Mauá efetuar o pagamento de parte da dívida de R$ 700 mil junto à terceirizada, cerca de R$ 287,7 mil, com a promessa de liquidar a fatura posteriormente.
No caso da FUABC (Fundação do ABC), prestadora do serviço da área da Saúde na cidade, a dívida da Prefeitura de Mauá, estimada em R$ 12,7 milhões, segundo o Portal da Transparência do município, já se estende desde fevereiro deste ano.
Além de ser a mantedora do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, a Fundação do ABC também é responsável pela gestão clínica e administrativa de 23 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e quatro UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).


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