A Fábrica de Sal de Ribeirão Pires é a segunda mais antiga do país
(Foto: Carlos Carvalho)
O Condephaat (Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado
de São Paulo) decidiu pelo tombamento da Fábrica de Sal, em Ribeirão Pires. A
decisão foi tomada em reunião realizada pelo conselho nesta segunda-feira (12).
O tombamento incide sobre o perímetro que inicia na esquina leste da Avenida
Humberto de Campos com a Rua Major Cardim, entre a via férrea da antiga São
Paulo Railway – hoje linha 10 da CPTM – atingindo também a Avenida Santo André,
onde se destacam o corpo central do edifício e sua chaminé.
Nascida
como Molino di Semole Fratelli
Maciotta (Moinho de Trigo Irmãos Maciotta), a edificação foi
construída em 1898, durante o período da industrialização paulista, em conjunto
com a estação Ribeirão Pires da São Paulo Railway, também tombada. Sua
localização estratégica, junto à ferrovia, e a proximidade do Porto de Santos,
na Baixada Santista, facilitavam o transporte dos grãos importados e do produto
acabado. Os vários usos do local ao longo do tempo exemplificam a dinâmica de
possibilidades de ocupação do edifício, que possui planta ampla e livre. O uso
mais prolongado e que caracteriza o edifício – a Fábrica de Sal – teve início
por volta de 1950, com a instalação da Indústria e Comércio Carmine Cotellessa
S.A., ativa até 1994.
Segundo Deborah Neves, historiadora da UPPH (Unidade de
Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura do Estado), o
edifício é um importante exemplar da arquitetura industrial voltada à produção
de alimentos. O local também se configura como representante de pequenas
indústrias constituídas com baixo capital privado estrangeiro. “O tombamento
pode estimular a produção de conhecimento acerca dos municípios que compõem a
Região Metropolitana de São Paulo, sempre ligados à história da Capital. Há
dinâmicas muito particulares destes municípios que podem trazer ainda mais
conhecimento e compreensão para a história do Estado, especialmente no tema do
patrimônio industrial”, completa a pesquisadora.
Com a decisão, se finda a última esperança do prefeito de Ribeirão
Pires, Saulo Benevides (PMDB), para a construção de um shopping no terreno onde
fica a Fábrica de Sal. O fato causou muita polêmica na Câmara durante esta ano,
inclusive com vários protestos no Legislativo que não colocou em votação a
proposta do Executivo para ceder o terreno para a iniciativa privada.
Via Repórter Diário
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