Relatos a respeito do sequestro têm sido divulgados diariamente
na internet e aterrorizado pais e familiares. Espalhadas nas redes sociais, as
histórias preocupam e atrapalham a polícia devido aos boatos que confundem a
confirmação e veracidade dos casos na região. Este ano, ao menos quatro
tentativas de sequestro de crianças vitimizaram mães e filhos de São Bernardo,
Santo André, Diadema e São Caetano.
Apenas uma, das quatro ocorrências foi confirmada. Em novembro
deste ano, um homem armado em um HB20 branco tentou sequestrar um bebê de
quatro meses dos braços da mãe que caminhava na estrada do Pedroso na vila
Luzita, em Santo André. O suspeito de 24 anos foi preso no mesmo dia e
reconhecido pela vítima como autor do crime. O homem continua detido.
O delegado seccional de Santo André, Hélio Bressan, explica que há
uma grande onda de boataria principalmente nas redes sociais, que coloca as
pessoas em situação alarmante e a dica é que a população se atente ao que
divulga na internet. “Temos que ter certeza de que aquilo que estamos compartilhando
ou falando, efetivamente, aconteceu. Já vi muitos casos na rede que na verdade
nem existiam”, afirma.
Entre as medidas preventivas, o delegado alerta para os pais terem
em vista onde as crianças se encontram e o que estão fazendo, pois é essencial
preservar a imagem da criança e não divulgar informações que favoreçam a
insegurança. “As pessoas colocam muitas informações que não deviam na internet,
como foto da criança com o uniforme da escola, hora que sai e entra, horário
que os pais trabalham, isso pode facilitar a criminalidade”, alerta Hélio
Bressan.
Desespero
Mariana Figueiredo Coelho, de 30 anos, foi abordada em novembro
dentro do Shopping São Bernardo, quando um homem a seguiu e abordou com um
beijo alegando ter AIDS. De acordo Mariana, a atitude a princípio não foi
suspeita, já que era vendedor de canetas para campanha de tratamento de
aidéticos. Passado alguns instantes, enquanto aguardava o marido, Mariana
sentiu a bochecha formigar. “Ele estava com algo brilhante na boca, mas não
imaginei que era por conta do beijo. Ao encontrar meu marido, me assustei, pois
percebi que o rapaz ainda me olhava”, conta.
“Se eu estivesse sozinha com meus filhos acho que o rapaz tentaria
conquistá-los com este golpe da caneta para roubá-los, mas dessa vez, nada aconteceu.
Fiquei assustada, desviei meu caminho e acabei entrando em um provador de uma
loja de roupas por segurança, agora evito andar sozinha”, conta. Outra mãe que
preferiu não ser identificada enfrentou o mesmo problema também no São Bernardo
Plaza Shopping, desta vez, no dia 27 de novembro.
“Peguei na mão das crianças e fui pagar o estacionamento, percebi
que o mesmo homem que havia me beijado estava atrás de nós, não via nenhum
segurança parei em uma doceria e quando ele começou a abordar outra moça corri
com meus meninos para o carro”, diz ainda assustada.
Polícia pede cautela nas
denúncias
Embora os casos de sequestro tenham estabilizado de 2015 para
2016, num total de 9 casos no interior de São Paulo, o delegado titular do 4°
DP de Diadema, Miguel Ferreira da Silva, diz que os números registrados pela
Secretaria de Segurança Pública têm crescido pela histeria ou fantasia das
pessoas. “Em praticamente 99% dos casos de sequestro, o suspeito queria
assaltar a vítima, mas por convicção plena que ia roubar a criança, a pessoa
protege e registra como tentativa de sequestro. É importante agir com cautela e
analisar a situação”, comenta o delegado.
Segundo o delegado, em casos de denúncias, o boletim de ocorrência
é feito, mas a probabilidade do caso ser confirmado é baixa, tendo em vista que
muitas vezes o fato se torna exagero. “A boataria espalhada na internet só
contribui, já que muitos internautas brincam, inventam ou até mesmo
compartilham informação sem prestar atenção se a fonte é confiável e estar certa
da veracidade do fato”, afirma.
Extraído do Repórter Diário
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