Os deputados promoveram suas votações antipacote enquanto o país estava abalado com a tragédia que matou um time de futebol inteiro
O plenário da Câmara, à sorrelfa,
preocupadíssimo com a corrupção: comportamento indigno (Luis Macedo/VEJA)
O chamado
pacote anticorrupção nasceu há um ano e meio. Os procuradores do Ministério
Público listaram dez medidas que entendiam essenciais para apertar o cerco
contra a corrupção e pediram apoio à população. Recolheram 2,4 milhões de
assinaturas. O projeto chegou ao Congresso há oito meses. Passou por uma
comissão da Câmara dos
Deputados, onde foi depurado, com a exclusão de algumas
medidas e, na madrugada de quarta-feira, precisou de poucas horas horas para ser
desfigurado pelo voto dos parlamentares. Em vez de pacote anticorrupção, integrantes da
base do governo e da oposição transformaram-no em uma maçaroca disforme que
protege suspeitos de corrupção e amarra as mãos de quem quer pegá-los.
Pior do que o pacote aprovado,
foi o momento escolhido para aprová-lo. Os deputados promoveram suas votações
antipacote enquanto o país estava abalado com a tragédia que matou um time de
futebol inteiro, a simpática, pequena e fulgurante Chapeconse, que voava para
sua primeira glória internacional. Soou a milhares, talvez milhões de
brasileiros, como uma provocação: esconderam-se atrás do biombo de uma tragédia
para assaltar, mais uma vez, essa longa, dolorosa e antiga aspiração brasileira
por uma vida pública correta e limpa. Reportagem de capa de VEJA desta semana
detalha como se deu essa ação.
A revista Veja desta semana traz
reportagem detalhada sobre o assunto.
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