Em um ano, 1
milhão de brasileiros entraram nas listas de inadimplentes. Quase
metade da população entre 30 e 39 anos está negativada
O número de
consumidores com contas atrasadas e registrados nos cadastros de
inadimplentes estabilizou em novembro, crescendo 0,69% na comparação
com o mesmo mês de 2015, segundo dados do indicador do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL). Apesar do cenário de estabilidade da
inadimplência, no acumulado dos últimos 12 meses, a estimativa
aponta que 1 milhão de brasileiros passaram a fazer parte das listas
de restrição ao crédito - em novembro de 2015, o total de
inadimplentes era de 57,5 milhões. Atualmente, são 58,5 milhões de
consumidores com o CPF negativado, enfrentando dificuldades para
realizar compras a prazo, fazer empréstimos, financiamentos ou
contrair crédito. Isso significa que 39% da população brasileira
adulta estão registrados em listas de inadimplentes.
Para o presidente
da CNDL, Honório Pinheiro, o Brasil enfrenta dois movimentos
distintos, que impactam o comportamento da inadimplência em direções
opostas. "Se por um lado, a recessão dificulta a capacidade de
pagamento dos consumidores, em virtude do desemprego e da inflação
alta, por outro, a maior restrição ao crédito com juros ainda
elevados e critérios de concessão mais seletivos, acaba impondo
limites ao endividamento por parte dos brasileiros", explica. "A
menor variação da inadimplência vem acontecendo porque o
consumidor, no geral, está se endividando menos, seja pela queda na
confiança em cumprir com os compromissos financeiros no futuro, seja
pela maior restrição ao crédito. Infelizmente, o cenário não
está ligado, portanto, a uma melhoria da capacidade de pagamento das
contas", avalia Pinheiro.
Sudeste concentra
maior número absoluto de inadimplentes
De acordo com o
indicador, a região Sudeste concentra o maior número absoluto de
consumidores negativados no país: 24,2 milhões de brasileiros, o
que representa 37,37% da população adulta da região. A segunda
região com maior número absoluto de devedores é o Nordeste, que
conta com 15,8 milhões de negativados, ou 38,82% da população. Em
seguida, aparecem o Sul, com 8,1 milhões de inadimplentes (36,41% da
população adulta), o Norte, com 5,4 milhões de devedores (46,42%
do total da população residente) e o Centro-Oeste, que por sua vez,
aparece com um total de 5,0 milhões de inadimplentes, ou 44,12% da
população.
Quando analisado
por faixa etária, é entre os 30 e 39 anos que se observa a maior
frequência de negativados. Em novembro, quase metade da população
nesta faixa etária (49,59%) tinha o nome inscrito em alguma lista de
devedores, perfazendo um total de 16,9 milhões, em número absoluto.
Entre os jovens com idade entre 25 e 29 anos, 47,12% está
negativada, assim como os consumidores com idade entre 40 e 49 anos
(46,32% inadimplente). Na população idosa, considerando-se a faixa
etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 29,44%, o que
representa, em termos absolutos, 4,6 milhões de pessoas.
Dívidas diminuem
3,54 em novembro
O indicador do
SPC Brasil e da CNDL também analisa o volume de dívidas em nome de
pessoas físicas. Neste caso, a variação negativa foi de -3,54% na
comparação anual - novembro deste ano frente ao mesmo mês do ano
passado.
O setor de
comunicação, que engloba atrasos em contas de telefonia, internet e
TV por assinatura, foi o que mostrou a maior queda de dívidas em
novembro. Na comparação anual, as pendências de pessoas físicas
com o setor caíram -14,90%. "A queda significativa das dívidas
com telefone e TV por assinatura, por exemplo, é reflexo de uma
mudança de comportamento do consumidor, que está mais cauteloso na
hora de contratar serviços que não são essenciais", explica o
presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.
As dívidas
bancárias, que contemplam atrasos no cartão de crédito,
financiamentos, empréstimos e seguros, caíram -2,35%. Já os
atrasos no comércio apresentaram uma retração de -2,63%. O único
setor que apresentou alta foi o de serviços básicos, como água e
luz, cujo crescimento foi de 3,81% em novembro deste ano frente a
novembro de 2015.
Já em termos de
participação, considerando-se mais uma vez o total do Brasil, os
bancos concentram a maior parte das dívidas existem no país:
48,24%. Em seguida, aparece o Comércio, com 20,31% desse total, e o
setor de Comunicação (13,35%). Por fim, o setor de Água e Luz
concentra 7,96% do total de pendências.
Metodologia
O indicador de
inadimplência do consumidor sumariza todas as informações
disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil (Serviço de
Proteção ao Crédito) e a CNDL (Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas) têm acesso. As informações disponíveis
referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.
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