Analistas das instituições financeiras preveem ainda redução maior dos juros no ano que vem, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central.
Economistas do mercado financeiro estimaram menos
inflação para este ano e uma expansão mais fraca da economia em 2017.
As expectativas foram coletadas pelo Banco Central na
semana passada e divulgadas nesta segunda-feira (5) por meio do relatório de
mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem instituições financeiras
foram ouvidas.
A estimativa do mercado para o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano recuou de 6,72% para 6,69% na semana
passada. Mesmo assim, permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas de
inflação e bem distante do objetivo central fixado para 2016, que é de inflação
de 4,5%.
Para 2017, a previsão do mercado financeiro para a
inflação permaneceu estável em 4,93%. O índice está abaixo do teto de 6% para o
IPCA, fixado para o ano que vem, mas ainda acima da meta central de inflação,
que é de 4,5%.
O Banco Central tem informado que buscará
"circunscrever" o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN) em 2016, ou seja, trazer a taxa para até 6,5%, e
também fazer convergir a inflação para a meta central de 4,5% em 2017.
Produto Interno Bruto
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, o mercado financeiro prevê uma retração menor da atividade. Os economistas estimam agora um encolhimento de 3,43%. Na pesquisa anterior, feita na semana retrasada, a previsão era de queda de 3,49%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no
país, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir
o comportamento da economia brasileira.
Essa será a primeira vez que o país registra dois anos
seguidos de retração no nível de atividade da economia – a série histórica
oficial, do IBGE, tem início em 1948. No ano passado, o recuo foi de 3,8%, o
maior em 25 anos.
Para 2017, porém, os economistas das instituições
financeiras baixaram a previsão de alta do PIB - que passou de 0,98% para
0,80%, informou o BC.
Recentemente, o governo estimou um tombo de 3,5% para o
PIB deste ano e uma expansão de 1% para o nível de atividade econômica em 2017.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) informou que o PIB recuou 0,8% no terceiro trimestre, em relação aos três meses anteriores. É a
sétima retração seguida nessa base de comparação - a mais longa de toda a série
histórica do indicador, que teve início em 1996.
Taxa de juros
O mercado financeiro baixou, na última semama, sua previsão para a taxa básica da economia, a Selic, de 10,75% para 10,50% ao ano no fechamento de 2017 - o que pressupõe um corte maior de juros no ano que vem. Atualmente, os juros estão em 13,75% ao ano.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC
para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação
brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos
pré-determinados.
As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o
crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços. Quando julga que a
inflação está compatível com as metas preestabelecidas, o BC pode baixar os
juros.
Câmbio, balança e investimentos
Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2016 ficou estável em R$ 3,35. Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar avançou de R$ 3,40 para R$ 3,45.
A projeção do relatório Focus para o resultado da balança
comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2016
permaneceu em US$ 47 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano, a
estimativa dos especialistas do mercado para o superávit subiu de US$ 44
bilhões para US$ 44,5 bilhões.
A projeção do relatório para a entrada de investimentos
estrangeiros diretos no Brasil em 2016 permaneceu inalterada, em US$ 65
bilhões. Para 2017, a estimativa dos analistas permaneceu estável, em US$ 70
bilhões.
Por
Alexandro Martello, G1, Brasília
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