Governo, educadores e políticos não sabem vender uma ideia
de educação a professores e estudantes.
Ideias excelentes como a do governo estadual paulista, em
fins de 2015, puseram por água abaixo a concentração em uma só escola as séries
do nível fundamental e em outras as de nível médio. E aí faltou vender a ideia
a todos.
A imposição gerou ocupação das escolas e revolta de todos os
afetados até o recuo do governo e abandono da lei. Haveria uma redução nos
gastos para todos, mas a falta de negociação só demonstrou que os pais teriam
que levar os filhos em duas escolas e muitos professores ficariam sem aulas para
ministrar durante a semana, ou que teriam o desconforto do deslocamento.
Incrível, mas toda esta falta de visão holística voltou a
repetir-se este ano pelo governo federal, ao impor a retirada de algumas
disciplinas por caráter econômico e sem razões de conteúdo no processo
educacional.
Enquanto no mundo inteiro os estudantes dedicam de oito a 12
horas diárias para estudo, incluindo disciplinas teóricas e práticas com
conteúdo via internet, aqui em nossa terra há restrições, além de um abandono
questão educacional dos jovens.
De um lado, é notória a falência do MEC (Ministério da
Educação e Cultura) que não prepara ou incentiva os professores a atualizarem
seus métodos de ensino. E os que querem mudar são impedidos pelo arcaico e
burocrático sistema básico. Pais desejam delegar à escola seu papel de
educação.
Do outro lado, governo e políticos continuam afirmando que
não cortarão despesas com educação, ou seja, misturam políticas públicas com as
econômicas.
Vale aqui citar o slogan de três anos atrás de um conhecido
candidato a deputado que dizia que “pior do que estava não ficará”. Mas ficou.
Vejam, desde setembro as escolas estão em greve, o que afetou o ENEM, onde
vários estudantes não puderam fazer e os vestibulares mais cobiçados no fim de
novembro.
Afinal foi prejudicado o 2º semestre inteiro deste ano, que
“por decreto” estão todos aprovados, uma vez que ninguém quer voltas as escolas
em plenas férias de verão.
Outro fator desmotivador foi a questão do FIES – onde as
escolas e estudantes entraram em conflito o ano todo.
Todas estas discussões deveriam ser debatidas agora para
efetivação no próximo ano com a sociedade, mas não foram, e o processo de
reformas deteriorou-se a ponto de a escola pública estar desqualificada.
Feliz dos alunos e pais que estão em algumas escolas
privadas, e que abandonaram estas discussões e venderam a ideia que a
competição no mundo não é para os que possuem diplomas, mas sim pelo grau de
conhecimento. E vamos embora – sigam em frente! Pratiquem o
autodesenvolvimento.
Enquanto isso o governo já ensaia uma troca de medida
provisória por um novo projeto de lei para o próximo ano letivo. Isto quer
dizer: esvaziar o discurso dos estudantes secundários que ocupam as escolas e
estão ás vésperas das férias. E assim vamos empurrando com a barriga, ano a ano
e décadas.
A profissão de professor, que deveria ser continuamente
valorizada não só no aspecto monetário, mas também e principalmente
motivacional, entra num ciclo caótico de causa-efeito-causa.
A baixa remuneração e a falta de perspectiva da carreira no
magistério, desmotiva aqueles mestres que são essenciais para o aprendizado. E
daí? Surgem os novos professores, aqueles que não conseguiram ingressar nas
promissoras carreiras, e acabam tornando-se os futuros mestres, com títulos filosóficos
e pedagógicos fora da realidade.
Se em poucos anos a maioria das profissões serão
substituídas por outras que estão nascendo, o momento é de aprender a ensinar
em vez de debater as políticas de educação. Resumindo - até o MEC aprovar um
novo currículo ou faculdade, a onda, moda ou tendência já foi. Imaginem quatro
anos depois, com a graduação concluída.
Só para ilustrar: por que as questões de geografia não podem
ser mescladas com as de aritmética? Ou de redação com as de história ou
atualidades? Práticas de laboratório em outras línguas?
Por Reinaldo Moura
Reinado A. Moura é engenheiro e mestre em Ciências e
Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
e fundador do Grupo IMAM entidade dedicada ao treinamento de curta
duração
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