Acusada pela mãe de uma criança de dois anos de ter
dado duas chineladas no menino, uma professora da rede municipal de ensino de
Praia Grande, no litoral paulista, foi agredida pela mulher e virou alvo de
mensagens de ódio pelas redes sociais. Em reação a uma postagem da avó da
criança denunciando a suposta agressão, internautas passaram a se mobilizar
para “acabar com a vida” da docente. Assustada e com medo de ser linchada, ela
pediu transferência de escola à Secretaria Municipal de Educação e quer
proteção policial.
O caso aconteceu no dia 22 de outubro, quando a
autônoma Amanda Barros entrou na sala de aulas da Escola Municipal Esmeralda
dos Santos Novaes, no bairro Quietude, e teria flagrado a professora dando
chineladas em seu filho. Ela partiu para cima da docente e a agrediu com tapas
e socos. Em seguida, foi à delegacia da Polícia Civil e registrou um boletim de
ocorrência. Ao saber do caso, a mãe de Amanda usou sua página no Facebook para
alertar outros pais, citando nominalmente a professora. “Ela não cuida das
crianças de dois anos. Ela bate. Ontem, ela bateu no meu neto.” No texto, ela
afirma que “todas as professoras da escola batem nos alunos com anuência da
diretoria”.
O caso ganhou repercussão e pelo menos vinte
postagens tinham mensagens de ódio contra a docente. “Vamos lá dar um pau nela…
quem sabe assim ela pensa duas vezes antes de bater numa criança”, escreveu um
morador da cidade. “Que raiva, se pego atropelo logo no meu branquinho”, postou
outro, referindo-se à cor do carro. “Tem que ir lá e quebrar ela todinha”,
emenda outro internauta. Uma adolescente acrescenta:”Meu irmão expulsa essa
cadela da escola. Se fosse eu, acabaria com a vida dela.”
A professora, que não se identifica por medo das
represálias, diz que estava com outras quatro atendentes na sala arrumando as
crianças para a saída, quando pegou um par de chinelos que alguma delas tinha
deixado para trás e bateu um chinelo no outro para chamar a atenção. Nesse
momento, segundo ele, a mãe irrompeu na sala, xingando-a e agredindo com tapas
e socos. Machucada, a professora passou por exame de corpo de delito e também registrou
ocorrência. Ela arrolou em sua defesa as atendentes que estavam na classe.
A professora disse que, em 15 anos de serviço
público, nunca sofreu uma advertência e que, agora, sua vida foi transformada
num inferno. Ela teme ser linchada e morta, como aconteceu com uma mulher, no
Guarujá, suspeita de ser sequestradora de crianças – o que era falso. A
Secretaria de Educação informou que abriu sindicância para apurar o caso. A
Polícia Civil informou que apura tanto a denúncia da mãe, quanto as agressões e
ameaças sofridas pela professora. Os responsáveis pelas postagens na web também
serão chamados a depor.
Da Redação
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