Dois anos e meio
após vencer licitação para operar de maneira exclusiva o transporte coletivo
municipal em Mauá, a Suzantur segue descumprindo exigências previstas em
contrato de concessão firmado junto à Prefeitura, em agosto de 2014.
Sem qualquer tipo
de fiscalização por parte da administração municipal, a viação tem operado 49
linhas de ônibus municipais da cidade com frota de 242 veículos, número abaixo
dos 248 previstos no item 28 do capítulo 7º do edital de contratação da
empresa.
O descumprimento de
itens estende-se também à data de fabricação dos veículos. Conforme descrito
nos artigos 28 e 29 do edital, “para início de operação, a concessionária
deverá dispor de toda a frota operacional e de reserva integrada por veículos
zero-quilômetro”, portanto, fabricados a partir de 2014, ano de vigência do
contrato. No entanto, ontem, a equipe do Diário encontrou ao menos sete veículos
fabricados em 2012 e 2013 no Terminal Central da cidade, o que ainda afronta as
regras contratuais dois anos e meio após a assinatura do vínculo.
Os veículos com
placas FCN-2853, EWJ-2068, EWJ-2063, FVA-3446, FAF-5308, EWJ-2053 e FAV-1613
têm circulado em linhas de bairros distantes da área central da cidade ou com
grande movimentação de passageiros, tais como Jardim Elisabeth, Sertão Acibam,
Boa Vista e Vila Mercedes.
O problema da frota
antiga já havia, inclusive, sido alvo no ano passado de denúncia feita pelo
vereador Manoel Lopes (DEM). Na época, ele encaminhou requerimento formal para
o Paço pedindo a listagem de veículos. No entanto, sem nenhuma ação da
Prefeitura, o problema persiste sem qualquer punição.
A operação
conturbada da Suzantur em Mauá tem colecionado no seu histórico série de
reclamações por parte de usuários, em decorrência da extinção de uma linha de
ônibus, além da diminuição do itinerário de outras três e do descumprimento
constante de horários. Também consta a falta de manutenção em estruturas do
sistema de transporte público, como na conservação de pontos de parada e
regularização de problemas de bilhetagem, operado pela Bus Fácil, empresa do
Grupo Suzantur (leia mais ao lado).
PROCESSO CONTURBADO
A Suzantur passou a
operar emergencialmente em Mauá, em 2013, quando o ex-prefeito Donisete Braga
descredenciou as duas empresas que na época operavam o transporte coletivo do
município – a Leblon e a Viação Mauá. O processo, que chegou a causar
divergências na própria Prefeitura, é alvo de investigação por parte da
Justiça.
Durante a campanha
eleitoral, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) prometeu colocar mais uma companhia
de ônibus na cidade, como era antes. No entanto, procurada ontem para comentar
o assunto, a administração municipal não repercutiu o assunto.
Em nota, a
Prefeitura evitou falar sobre a operação de sete veículos fora das normas
contratuais, ao dizer que “a idade média da frota, prevista em contrato, é de
até cinco anos” e “atualmente não chega a dois anos”.
A administração
municipal ainda destacou que o “índice de cumprimento de partidas foi superior
a 98% em janeiro. Em 2016, a média foi de 90%.” Além disso, declarou que o
prefeito Atila Jacomussi reitera o compromisso por um sistema de transporte público
eficiente. Para isso, já foi iniciada a reforma estrutural do Terminal Central,
com a previsão de que os trabalhos sejam finalizados em maio.
Procurado pela
equipe de reportagem, o proprietário da Suzantur, Claudinei Brogliato, não
retornou o contato do Diário para comentar as irregularidades.
Extraído do Diário do Grande ABC - Daniel Macário