Área
de posse, problema se arrasta há décadas
Depois que
proprietários da área denominada Pajussara em Mauá resolveram apoiar e
participar de um movimento para regularização dos imóveis tidos por posse há 35
anos, várias reuniões foram realizadas entre moradores e os donos do imóvel,
porém ainda não houve efetivação das ações. A última reunião aconteceu no
sábado, 11 de março, nas dependências da igreja evangélica Assembleia de Deus
na rua Angelim Milanês e contou com a presença do representante dos
proprietários, engenheiro José Haddad, que mora no Rio de Janeiro e veio
especialmente para o encontro. Porém, poucos moradores estiveram presentes – 35
pessoas, para ouvir a proposta de Haddad e do advogado Humberto Rocha que
também é presidente da Camesp (Câmara de Arbitragem e Mediação).
Nesta semana,
nossos jornais ouviram alguns moradores da gleba, que repassaram suas opiniões,
posições e até sugestões.
Pedro Morales e Geová Nunes |
Pedro Morales
Filho é comerciante no ramo de materiais de construção com uma loja na rua
Angelim Milanês. O comerciante relatou que já participou de reuniões com os
proprietários da área e seus representantes. “Só não fui à última reunião na
igreja, por motivos particulares”, justifica. Pedro disse que está totalmente
disposto em participar do processo de regularização do Pajussara. “Preciso e
quero estar dono deste lugar. Dediquei e dedico grande parte de minha vida
nesta comunidade”, relata. Pedro enxerga que o maior empecilho no movimento é a
adesão dos moradores, isso porque se trata de uma situação muito complexa e de
difícil entendimento técnico. “A gente precisa se unir mais. Se der certo,
nossos benefícios serão muito grandes. Teremos o título da terra que
automaticamente será valorizada. Além disso, poderemos deixar legalmente em
herança a nossos filhos, sem contar que, escriturada, nossa propriedade poderá
ser oferecida como garantia numa operação financeira junto a bancos, por
exemplo”, acrescenta. Para facilitar o entendimento técnico e adesão dos
moradores, Pedro sugeriu que fosse criada uma comissão mista, reunindo
representantes dos proprietários da área e moradores. “Formada essa comissão,
seriam visitados todos os imóveis e seus moradores firmariam um termo de
adesão, garantindo sua participação no movimento. Ninguém precisaria pagar nada
de pronto, apenas firmaria o compromisso e o interesse em regularizar seu
terreno”. Para o comerciante, um outro fator importante seria a definição de um
valor máximo que caberia a cada morador nas despesas de regularização. “É claro
que quantos mais participarem, mais barato vai custar. Mas a gente precisava
realmente saber o quanto no máximo vamos desembolsar. Partido deste ponto,
então firmaríamos um compromisso mensal para com os proprietários da area”.
Finalizando, o comerciante destacou que os moradores precisam deixar de
acreditar em especuladores, principalmente em maus políticos que acabam
oferecendo soluções que na verdade nunca serão possíveis. “A minha posição é de
que com a boa vontade dos proprietários representados pelo José Haddad, pessoa
que conheci e que pelas suas ações mostrou-se um homem de boa índole, e com a
participação maciça dos moradores, a solução deste grande nosso problema,
esteja próxima”.
Geová Nunes da
Rocha, mora na rua Altino Elias e também opinou sobre o assunto. “Tenho minha
morada há anos e gostaria muito de receber a escritura de propriedade. Apoio o
movimento e também o que disse meu vizinho e amigo, Pedro Morales”, definiu.
Para Geová, o quanto antes essa situação puder ser resolvida, melhor será.
“Todos precisamos de uma definição, afinal, não vivemos para sempre”,
completou.
Reginaldo e Manoel |
Seo Manoel está
há muitos anos no bairro, onde tem um terreno e um estabelecimento comercial no
ramo de autopeças. “Sou favorável ao movimento de regularização, isso posso
afirmar categoricamente. Mas o que pesa contra é que as informações estão um
pouco desencontradas e não sabemos ao certo que caminho tomar”, explica o
comerciante. Manoel apoia a ideia de se formar uma comissão de visitação às pessoas
para firmar um termo de adesão. “Acho que é a melhor saída, já que os moradores
têm muitas dúvidas e a desinformação é muito grande, principalmente vinda da
parte de pessoas e até autoridades, que ao invés de atrapalhar poderiam
ajudar”, argumenta, referindo-se ao que chama de intermediários que “plantam”
boatos e fatos infundados junto à comunidade.
Vizinho ao
comerciante Manoel, reside Reginaldo Ferreira da Silva, outro morador que se
mostrou muito interessado em apoiar e participar do movimento de regularização
da área. “Meu pai foi um dos primeiros moradores desta área. Hoje se aposentou
e não reside mais no bairro. Já tenho filhos e neta e meu sonho seria poder
deixar a eles uma herança sólida. Para isso, a escritura de meu terreno, de
minha casa, seria fundamental”, comenta. Reginaldo também é da opinião de que a
união de todos os moradores, junto com proprietários do Pajussara, seja a única
solução plausível para realizar seu sonho de ser o legítimo proprietário do
terreno, hoje construído. “Precisamos nos conscientizar, nos unir”, arremata.
Luiz Rosa |
Luiz Rosa tem uma
casa na rua Angelim Milanês no Pajussara e deseja regularizar seu imóvel.
“Estamos falando de nossa casa, de nossas vidas. Se tivermos a oportunidade,
precisamos fazer isso (escrituração) o mais rápido possível. Fui um dos
primeiros moradores a participar das reuniões do pajuamigo.com. Acredito no
projeto”, afirmou o morador. Luiz ainda argumentou de que pessoas moradoras do
bairro chegaram a taxar sua participação nas reuniões como uma forma dele,
Luiz, ganhar dinheiro. “É um absurdo. Muito pelo contrário. Quando for firmado
o compromisso com os donos da gleba, teremos de pagar, ao invés de receber.
Faço isso porque tenho muito, mas muito mesmo, interesse em ter minha casa
legalizada, escriturada. Meu imóvel é de esquina, bem localizado no bairro. Com
a escritura sua valorização seria muito grande e assim, poderia deixar a meus
herdeiros um bem de expressão financeira”, enfatiza.
Para Luiz Rosa é
preciso parar de acreditar em falsas promessas, principalmente de políticos
aproveitadores que buscam tão somente o populismo.
Haddad dá parecer sobre
comissão mista
Ainda ontem a
reportagem procurou, por telefone, José Haddad que estava no Rio de Janeiro. O
engenheiro disse que também apoia a ideia de uma comissão mista e que vai
trabalhar pela sua constituição. Afirmou ainda que em razão de um problema de
saúde, não poderia conceder entrevista completa nesta semana, se comprometendo
para breve, assim que se recuperar. “Adianto que a comissão será importantíssima
e vamos constitui-la sim, e com pessoas especializadas para nos representar
adequadamente”, frisou.
Nota da Redação: A solução no Pajussara é um caminho longo
e espinhoso. Porém pelo que nossa reportagem pode apurar, precisa
principalmente haver movimentação e união de moradores posseiros, considerando
que por parte dos proprietários tudo indica estarem agindo de boa fé, com
serenidade e seriedade, tentando definitivamente resolver uma situação
desgastante que se arrasta há anos. Assim, basicamente, é preciso começar e
realmente fazer, sem dar ouvidos a terceiros que muitas vezes, por interesses
escusos, simplesmente denigrem um processo que pode verdadeiramente beneficiar
milhares de pessoas, de boas pessoas.
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