Cada vez mais cedo, as crianças aprendem a usar celular, tablet e computador, passam horas assistindo TV e são muito influenciadas a aprender a ler e escrever. Mas será que essas mesmas crianças já aprenderam habilidades como correr, pular, equilibrar, mirar, negociar e seguir e estabelecer regras, que são tão importantes para iniciar o processo de alfabetização, para saber se socializar de forma harmoniosa com outras crianças e respeitar outros adultos, além dos próprios pais?
Muitas vezes, em especial no que diz respeito ao desenvolvimento corporal e à coordenação motora, ainda não aprenderam. Mas todas essas habilidades podem ser muito bem desenvolvidas com simples brincadeiras como Futebol, Queimada, Corda, Elástico, Bolinha de Gude, 5 Marias, Pega-pega, Esconde-esconde ou Bandeirinha, que fazem parte da nossa história e são sabiamente descritas por Tisuko Kishimoto como Brincadeiras Tradicionais.
A origem dessas brincadeiras é desconhecida, sabe-se apenas que fazem ou fizeram parte de romances, rituais religiosos, mitos e poesias, mantêm-se na cultura infantil preservando suas estruturas iniciais ou recebendo novos elementos e se diferenciando em determinadas regiões. São transmitidas pelas gerações de forma espontânea através da expressão oral e foram assim nomeadas porque acontecem de forma livre, são caracterizadas pelo prazer de brincar e fazem parte do folclore brasileiro.
Antes era possível observar várias crianças passarem horas brincando em grupos nos espaços públicos das cidades, no entanto, por diversos motivos da nossa atual sociedade, esses lugares não são mais tão apropriados para tais tipos de brincadeiras, mas não podemos privar nossas crianças de vivenciar esses momentos.
De acordo com o psicólogo Lev Vygotsky, o brincar em grupo, é imprescindível para o desenvolvimento social e cognitivo, pois a brincadeira proporciona diversas emoções e sentimentos, de forma a contribuir para a estruturação da personalidade, estimular a atenção, concentração, autoestima, desenvolvimento psicológico e as relações com o outro ao dividir espaços, objetos e experiências. Além disso, é na brincadeira que acontece o melhor desenvolvimento da coordenação motora que é responsável pelo equilíbrio, concentração, organização e motricidade fina.
Cabe à família, sempre que possível, incentivar e brincar com suas crianças sem utilizar aparelhos eletrônicos, explorar espaços abertos como parques, praças ou praias, interagir com outras crianças, inventar uma nova brincadeira ou criar o próprio brinquedo. E à escola, fica a responsabilidade de não deixar as brincadeiras tradicionais serem esquecidas.
Visando isso, nós do Colégio Renil, iniciamos com os alunos do Infantil II, o projeto “É Brincando Que Se Aprende” que tem como principal objetivo tornar o aprendizado especial, prazeroso e significativo, de forma que todos os alunos aprendam brincando. Dessa forma, podemos garantir que todos tenham boa base de aprendizado e desenvolvam todas as habilidades necessárias para iniciar o Ensino Fundamental e concluir o processo de alfabetização com maestria.
Carla Batista Baquim, professora do Infantil II no Colégio Renil Pueri Domus em Mauá
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