*Por Fabiana dos Santos Evangelista
As crianças aprendem com mais eficiência a partir do momento
em que sentem prazer em aprender.
Dessa forma nós como educadores precisamos
refletir e reconhecer a importância das brincadeiras nesse processo de
ensino-aprendizagem.
O brincar merece nossa atenção, pois nem todos os métodos de
ensino atingem todas as crianças com a mesma eficácia. Cada criança é única e
com experiências e dificuldades diferentes e para garantir o sucesso nesse
processo e o professor deve utilizar as várias formas de ensino, inclusive as
brincadeiras.
O brinquedo e o brincar sempre estiveram presentes na
infância independente de posição social, raça, gênero e cultura, e isso nos faz
refletir sobre a importância do brincar e do brinquedo no desenvolvimento
humano. Eles devem ser vistos como parte integrante da educação, pois melhoram
as condições de compreender a sua importância no dia a dia da escola
enriquecendo o interesse ao ensino-aprendizagem.
O brincar favorece o aprendizado, pois é brincando que a
criança se torna capaz de viver numa sociedade. É um processo educativo muito
completo, pois tem influencia no intelecto, no emocional e no corpo da criança.
Brincar faz parte da infância e permite a criança o seu desenvolvimento, a
busca de saber, de conhecimento e expectativas. Por sua importância as
brincadeiras podem e devem ser utilizadas como recursos de aprendizagem e
desenvolvimento. É brincando que acontece a aprendizagem na criança, é através
das brincadeiras que as crianças conseguem desenvolver a sua capacidade de
criar, imaginar e observar.
As experiências através da troca de saberes com outras
crianças, com os professores ou com a sua família, são muito importantes, pois
quando a criança está brincando ela propõe situações imaginárias facilitando a
operação de objetos e situações. Enquanto brinca, seu conhecimento aumenta,
pois ela pode fazer de conta que age de maneira adequada ao manipular objetos
com os quais o adulto opera e ela ainda não.
A sociedade mudou, e as pessoas mudaram também e vemos que
hoje há uma inversão de papéis e valores. Vivemos em uma sociedade de
informação e transformação, onde pais não têm mais tanto tempo com os filhos,
as brincadeiras perderam espaço em virtude do avanço da tecnologia, mas cabe a
nós educadores resgatar esse costume tão importante e que é fonte de
desenvolvimento e aprendizagem.
Quando a criança brinca, o brinquedo é um objeto concreto
capaz de fazer fluir um mundo imaginário, ela brinca e ao mesmo tempo manipula
sua realidade, modificando-a. É uma relação intima de construção e
desconstrução do real para a fantasia.
O brincar leva a criança a tornar-se mais flexível e a
buscar alternativas de ações, porque, enquanto brinca ela concentra a sua
atenção na atividade e não em seus resultados.
Acreditamos então que as brincadeiras oferecem as crianças
condições de aprendizagem.
Acreditamos que elas permeiam todo o processo de
ensino /aprendizagem, porém apenas estes momentos não garantem a solução de
todas as questões propostas pelos educadores, mas que podemos da mesma forma
apresentar conteúdos alternativos de forma que possam ser divertidos e
efetivos.
As brincadeiras transformam conteúdos maçantes em atividades
interessantes, revelando certas facilidades através de sua aplicação. Para a
criança ler e escrever são atividades muito complexas, o brincar traz consigo a
dramatização e recreação tornando essas atividades mais prazerosas e de forma
motivadora é capaz de criar entusiasmo, euforia e emoção.
O brincar não se faz presente apenas no momento de
descontração, está presente também no ato de ler e escrever. As brincadeiras
chamam a atenção da criança e contribui na apropriação da leitura e escrita
como forma natural, colaborando no desenvolvimento e potencializando a
aprendizagem.
Pensar no brincar como um recurso pedagógico é desenvolver
atividades intencionadas e dirigidas favorecendo a aprendizagem significativa,
estimulando a construção de conhecimento e despertando habilidades e
capacidades cognitivas.
Segundo PIAGET (1986), a criança precisa brincar para
crescer, precisa de jogo como forma de equilibração com o mundo e que todo esse
desenvolvimento acontece através das práticas lúdicas, específicas para todas
as fases da vida humana.
A criança, na idade escolar, sente a necessidade de
agrupar-se para jogar, correr, estudar, etc. Nessa fase a criança é fascinada
pelos movimentos, sente prazer em competir.
As brincadeiras que mais interessam nesta fase são os jogos
de competição individuais. Quando bem direcionadas, essas atividades trazem
grandes benefícios que proporcionam saúde física, mental, social e intelectual
à criança.
Na alfabetização uma questão importante é a disciplinar,
pois quando há interesse pelo que está sendo ensinando, a criança canaliza suas
energias para aquilo que está sendo apresentado e faz com que automaticamente a
disciplina aconteça.
Se para a criança a escrita é uma atividade complexa, o jogo
é um comportamento ativo. Sendo assim, para a criança fazer a transposição
entre a língua oral e a escrita, é necessário trabalhar primeiramente o
concreto, pois para ela a alfabetização torna-se mais fácil através da brincadeira.
Jogando a criança canaliza e libera energia, transforma
realidade, libera fantasias, desperta interesse e curiosidade, e conforme a
criança vai jogando, ela constrói e conhece melhor o mundo.
O brinquedo oportuniza o desenvolvimento. Através do
brinquedo ela inventa, descobre, experimenta e aprende. Além disso, estimula a
autoconfiança, curiosidade e autonomia, proporcionando também o desenvolvimento
cognitivo, atenção e concentração.
A Brincadeira é algo natural na infância e está diretamente
relacionada com a imaginação, ela simboliza o real. Com ela a criança brinca,
se exercita, constrói conhecimentos e valores e socializa.
*Fabiana dos Santos Evangelista, professora no Colégio Renil
em Mauá, é Pedagoga e Especialista em Alfabetização e Letramento